Quantos anabatistas
morreram durante a perseguição do século XVI na Europa? Ninguém sabe ao
certo. Estima-se que milhares foram cruelmente torturados e
mortos. Na maior parte, eram cidadãos pacíficos que não acreditavam na
guerra e que se tornaram precursores dos menonitas, amish, irmãos, batistas de
hoje. A principal queixa das autoridades era que eles não acreditavam que
o batismo infantil tivesse algum valor. Eles escolheram ser rebatizados,
rejeitando assim seu primeiro batismo na infância.
Embora nenhuma outra acusação tenha sido comprovada
contra eles, eram condenados à morte. Para os homens, a morte era
geralmente pelo fogo; para as mulheres, por afogamento. Muitos
anabatistas demonstraram ser tão ousados em seu último
testemunho de Cristo que as autoridades começaram a prender suas línguas antes
de levá-los à execução, para que não pudessem testemunhar e ganhar mais almas
para Cristo.
Um dos anabatistas que morreu nas chamas foi Dirk
Willems. Sua história é particularmente tocante porque ele perdeu a chance
real de escapar quando voltou para ajudar um de seus perseguidores.
Dirk foi capturado e preso em sua cidade natal, Asperen,
na Holanda. Sabendo que seu destino seria a morte se ele permanecesse na
prisão, fez uma corda de tiras de pano e deslizou sobre a parede da
prisão. Um guarda o perseguiu. O inverno severo cobriu uma lagoa próxima
com uma fina camada de gelo. Dirk arriscou-se em uma corrida sobre ele,
chegando em segurança ao outro lado do rio, mas o gelo quebrou debaixo do
perseguidor que suplicou sua ajuda. Dirk acreditava na Escritura de que um
homem deveria ajudar seus inimigos. Ele imediatamente se virou e puxou o
homem para fora da água gelada.
Em gratidão por sua vida, o homem teria deixado
Dirk escapar, mas um magistrado chefe que olhava a cena de pé à margem do rio, ordenou-lhe
severamente prender Dirk e trazê-lo de volta, lembrando-lhe o juramento que fez
como oficial da justiça.
Dirk foi levado de volta à prisão. Ele foi
condenado à morte por ser rebatizado, permitindo que os serviços secretos da
igreja fossem realizados em sua casa e deixando outros serem batizados. O
registro de sua sentença concluiu: “tudo o que é contrário à nossa santa fé
cristã e aos decretos de sua majestade real não deve ser tolerado, mas
severamente punido, para ser exemplo para outros. Portanto, nós os juízes
acima mencionados, tendo, como deliberação legal do conselho, examinado e
considerado tudo o que foi posto nesta matéria, condenamos esses presentes; e
em nome de sua majestade real, o conde da Holanda, o referido Dirk Willems,
prisioneiro, persistindo obstinadamente em sua opinião para que seja executado no
fogo até a morte; e declarar confiscados todos os seus bens, em benefício
de sua majestade real”.
Dirk foi queimado em 16 de maio de
1569. Sua língua não estava presa. O vento soprou de modo que chama
demorasse a queimá-lo como todo para que sua morte fosse longa e
miserável. Vez por outra, Dirk agonizava a Deus, mas ninguém partia em seu
auxílio. Finalmente, uma das autoridades que não podia mais suportar tamanho
sofrimento ordenou que um subordinado acabasse com seu tormento com uma morte
rápida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário