O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

sábado, 22 de novembro de 2014

Por que crentes ficam carnais/liberais?



Geralmente, ao professarmos a fé cristã, somos contagiados por uma experiência nova. Isto ocorre pelo favorecimento da graça de Deus gerando plena certeza do ato de salvação em alguns ou a simples emoção do contágio em outros, sendo concebida de duas maneiras: com autenticidade, em razão do real arrependimento, ou com aparência de autenticidade, devido uma mera satisfação superficial não discernida espiritualmente.
Com o passar do tempo, podemos detectar através das obras praticadas qual foi a experiência vivenciada em cada sujeito. Se houve um desprendimento dos valores efêmeros através do processo de fé e convicção concluiremos ter havido uma experiência de transformação na qual houve uma entrega incondicional ao senhorio de Cristo, confirmando a maneira pela qual o redimido se encontra na condição de filho de Deus. A conseqüência é determinada pela experiência verdadeira que torna o indivíduo familiarizado com a vontade de Deus posta nas Escrituras para sua vida.
Por outro lado, quando o agente se embaraça com a doutrina de Cristo, aceitando uma parte e rejeitando a outra, percebemos algo que não se coaduna com a forma de comportamento encontrada na vida cristã. Podemos dizer que a verdadeira experiência com Cristo não ocorreu, uma vez que não há um desejo direcionado à prática de seus princípios plenos. Além disto, uma das formas de se dizer isto nos escritos dos evangelhos e epístolas é sob a forma de escandalizar-se. Quando alguém reluta na prática da modéstia cristã, por exemplo, ela está se escandalizando de Cristo por causa de sua doutrina, uma vez que não quer praticá-la. Foi-nos dito pelo Senhor: “Bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar” (Lucas 7:23). Jesus nos fala sobre o fato de sermos abençoados Nele, compartilhando de uma comunhão profunda e de uma sujeição à sua Palavra, pois, se conscientemente assim não fizermos, estaremos dizendo que estamos escandalizados e ofendidos com Ele, com sua Palavra e com seu direcionamento. Escandalizar-se é o mesmo que rejeitar por não querer fazer, demonstrando, assim, as provas de sua intenção parcial para com o Evangelho. Vale ressaltar que muitos supostos cristãos estão nesta condição de escandalizados, apesar de não se julgarem assim. Estão tão obscurecidos com uma racionalidade humana e caprichos pessoais que não vêem como são insensíveis à voz do Espírito. Não percebem que estão reduzindo todo conjunto doutrinário a um compêndio Escriturístico, restringindo-se a sujeitos tendentes às doutrinas que lhes favorecem devido suas intenções particulares, descaracterizando-se como fiéis a Cristo. Este problema vem desde muito tempo. Há aproximadamente 30 anos, a Igreja evangélica vem passando por um processo de decadência moral. Suas atitudes não são mais as mesmas, suas preocupações foram redirecionadas, enquanto que a vida da comunidade foi definitivamente afetada com a falta do sentimento cristão. A maioria das igrejas perderam o prazer de servir a Cristo diante do mundo, para “servi-lo” em templos pomposos cheios de divertimentos e banalidades promovidos pelos seus promotores de eventos: os senhores pastores pós-modernos.    
Para responder a pergunta introdutória deste artigo, diria que o problema é amplo e individual. Amplo, pois a maioria da comunidade dita evangélica caiu no modismo pós-moderno do vislumbre de ser evangélico na atualidade. Virou moda, sabia? Está na mídia. É prazeroso ser evangélico, pois faz com que muitos sejam, agora, reconhecidos, já que antes não eram. Porém o dissabor não está na evidência, mas sim na conformidade com o mundo. A Igreja evangélica de hoje tem seus paradigmas adaptados em consonância com as tendências mundanas. Grande parte do movimento evangélico passou pelo processo de mundanização assimilando as maneiras de cantar, de compreender (racionalização) e até de pregar, que agora é segundo os discursos da autoajuda e da motivação para o sucesso. Que pena!
A individualidade entrou em questão uma vez que representa o querer do sujeito. Muitos religiosos evangélicos não querem mais comprometimento com as Escrituras, nem sua disciplina, preferem o bel-prazer de ordenarem suas vidas segundo uma visão particular de mundo. Nisto, evidenciam que não passaram pela conversão, pois o ego é o rei e senhor deles próprios. Continuam a praticar isto, pois se escandalizaram do ensino de Cristo que diz: “ Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lucas 14:26). A falta de desprendimento do eu destes indivíduos faz com que concluamos pela não vinculação entre Cristo e eles. Noutras palavras, não podem ser discípulos de Cristo. No entanto, muitos falsos discípulos imperam sobre comunidades promovendo movimentos que levam o povo à escassez espiritual e à abundância de carnalidades. Em conversa com uma missionária de Brasília há alguns meses, ela me confidenciava o problema dos encontros de sua igreja. Os líderes das programações e os adeptos promoviam festas banais, atividades de entretenimento e muita conversa sem edificação sobre sexo, jóias e sucesso profissional, enquanto que o essencial era reprovado, ou seja, ninguém queria buscar a Deus, antes queriam jogar conversa fora. Este é o retrato do descaso das supostas igrejas atuais. 
 Há quem pense que estamos simplesmente atacando determinados grupos denominados evangélicos. Não é esta a intenção. Nossa intenção é bem objetiva, tentamos de alguma forma barrar e protestar contra a apostasia instaurada que está assolando a Igreja, contaminando inúmeros contingentes e tentando demonstrar nossa piedade para quem está vivendo um cristianismo falsificado, sem experiência e sem paixão por Jesus. Que Deus nos ajude a continuar com o zelo e amor cristão por quem já o perdeu.

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