O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Em defesa de Cristo

Estreia hoje em Fortaleza o filme “Em defesa de Cristo”. As salas de exibição previstas para recepcionar os interessados em assisti-lo são:

Cinépolis no North Shopping Joquei, no RioMar Kennedy e no RioMar Fortaleza.

Sinopse
Lee Strobel, um jornalista conservador e linha dura, vivendo os melhores dias de sua carreira: uma premiada reportagem acaba de lhe render uma promoção para editor jurídico no jornal Chicago Tribune. Mas, seu casamento não ia muito bem. Sua esposa, Leslie, se converte à fé cristã indo contra tudo que Lee pensa, como um ateu convicto, a respeito da religião. Utilizando sua vasta experiência com as leis e em jornalismo, Lee começa uma jornada para rebater os argumentos do Cristianismo para poder salvar seu casamento. Investigando a maior história de sua carreira, Lee se vê cara a cara com fatos inesperados que podem mudar tudo que ele acredita ser verdade.
Elenco
Mike Vogel, Erika Christensen, Faye Dunaway, Robert Forster, Frankie Faison, L. Scott Caldwell, Mike Pniewski, Kevin Sizemore, Brett Rice 
Roteiro
Brian Bird 
Produção
Elizabeth Hatcher-Travis, Karl Horstmann, Brittany Lefebvre, Michael Scott, David A.R. White, Alysoun Wolfe 

Direção
Jon Gunn 

Ausbund

O Ausbund é o mais antigo hinário conhecido entre aqueles que professam a fé anabatista, ainda usado como manual de cânticos nas comunidades Amishs dos Estados Unidos. Como documento histórico, consegue transmitir a percepção espiritual dos cristãos da época da Reforma Radical (inserida no contexto da Reforma Protestante) quanto à forma honrosa de proferir um engrandecimento à majestade divina cheia de inspiradas palavras de paixão e piedade. Seu conteúdo traz cinquenta composições de anabatistas conhecidos e reconhecidos pelo zelo às Sagradas Escrituras, como foram Michael Schneider, Felix Manz, Michael Sattler, Hans Hut, Leonhard Schiemer, Hans Schlaffer, George Blaurock e Hans Leupold. A maioria dos hinos foi composta no calabouço do castelo de Passau, lugar preparado para abrigar em prisão anabatistas entre os anos de 1535 e 1540 que se negavam a aceitar o batismo infantil e porque tinham convicções restritas à Bíblia.
A primeira impressão do hinário ocorreu em 1564. Uma dessas preciosidades encontra-se exposta na Biblioteca Histórica Menonita de Goshen College cujo título em alemão é “Etliche schöne christliche Gesäng wie dieselbigen zu Passau von Schweizer Brüdern in der Gefenknus im Schloss durch göttliche Gnade gedicht und gesungen” (Muitas belas canções cristãs que foram escritas e cantadas através da graça de Deus pelos irmãos suíços na prisão do castelo de Passau).
Os hinos mais antigos versam sobre o sofrimento daquele grupo de cristãos, conhecidos como Igreja Peregrina, por viverem em um contexto de aflições e imposições religiosas que contrariavam sua fé simples. Algo digno de ser relatado é que muito embora transmitam suas angústias e tristezas diante da iminente morte eles não abdicavam de guardarem a fé, bem como traduziam nesses escritos sua compreensão sobre a comunhão com o Senhor através do cantar. Apesar do árduo sofrimento, uma das premissas bíblica incorporadas pela aquela gente simples era poder agradecer a Deus por tudo e não terem ressentimentos com esta vida, pois a vida do porvir se apresentava incomparavelmente superior, por isso cantavam: “Ó Deus, Pai, nós te louvamos e tua bondade, nós louvamos...” (canção 131).

Um dos elementos mais empolgantes das letras da hinodia anabatista é a orientação primaz que traz pelos ensinos bíblicos. Logo na primeira música, de autoria de Sebastian Franck, cristãos são elevados a dedicarem-se em espírito e em verdade ao Criador, apegando-se também a oração e a louvar submissos aos ditames dos Salmos. Dentre os assuntos propostos nas demais letras dos hinos estão: a visão anabatista sobre o batismo para crentes confessos, a santa ceia do Senhor, santidade de vida, vida em comunidade e a escatologia bíblica, incluindo neste o último o hino No. 46, “Ain new christelich Lied von der gegenwardig schröcklichen letzten Dagen, em welchen, vil verschieden secten, auffrührerisch und falsche Propheten erschainen, auch blutdirstige tyrannen” (Uma nova música cristã dos opressivos e terríveis últimos dias em que muitas seitas diferentes, profetas rebeldes e falsos e tiranos sanguinários aparecem).

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Banco Santander criticado por promover exposição tida por "promíscua"

O Banco Santander foi alvo de críticas nesses últimos dias em razão de ter promovido a exposição “queermuseu”, tendo como base uma política de defesa dos direitos lgbts. A exposição de pinturas e de imagens com diversos personagens, sendo adultos, crianças, animais e elementos religiosos suas temáticas, foi censurada em redes sociais porque parece que hoje ninguém sabe discernir entre a arte e a indecência. O debate ficou acirrado em razão de alguns quadros fazerem indiscriminadamente apologia à pedofilia, à zoofilia e, mais uma vez, ao ultraje à fé cristã.
O apreciador da arte que se depara com algumas dessas imagens fica surpreso e extasiado procurando onde está a arte (os mais liberais não sentem esse impacto). Algumas imagens são da mais baixa qualidade artística, expressam termos de baixo escalão, não tem expressão de talento ou de uma veia natural para o que pretende ser a arte. Para além dessa crítica, a pretensão da exposição parece ter sido mais uma propaganda lgbt na qual pretende chocar as pessoas que querem viver dentro de sua modéstia e bom senso. Para isso, o banco Santander recebeu quase R$ 1.000.000,00 (Hum milhão de reais), justificado e proveniente das instituições da cultura do governo, fundamentados pela Lei Rouanet, para promover o evento de acordo com sites.
Como esse tipo de manifestação inquietou muitos internautas, a reação foi imediata nas redes sociais nas quais uma série de recomendações foram divulgadas para que clientes do banco repudiassem a iniciativa da instituição e deixassem de ser seus clientes em protesto à exposição. As divulgações da rede foram tão impactantes que o banco Santander se viu obrigado a tirar de imediato a exposição do seu espaço cultural um mês antes do previsto. Para quem acha que isso foi coisa de internauta, até o prefeito Nelson Marchezan, de Porto Alegre, sinalizou contra o que ele chamou de “imagens de zoofilia e pedofilia”.
Alguns meios de comunicação ainda divulgaram que essa reação dos internautas não passa de intolerância religiosa, ocasionando mais uma vez discriminação e homofobia. Entretanto, se eles pensam sob esse viés jamais saberão o que é viver entre os diferentes, pois pelo que vimos nos diversos relatos dos movimentos cristãos não há uma agressão às pessoas que optaram pelo comportamento diferente de sua natureza. Há uma crítica na promoção de conceitos que não são bem recepcionados pelo povo, que de forma geral, confessa a fé cristã e seus valores. O leitor da Bíblia sabe que as práticas promovidas na exposição, tais como sexo grupal, relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, promoção da promiscuidade infantil e o desvio do ser da natureza criada por Deus, são censuradas pela Bíblia, de modo que os cristãos querem e pretendem guardar esse padrão de comportamento. Por que não podem? A guarda do instituto obriga a manifestação de oposição a este tipo de promoção contrariante, visto que há uma política moderna que trabalha insistentemente para incutir um estilo de vida oposto à sua regra de vida.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O ecumenismo nas mãos de Anibal Pereira Reis

Você sabia que a renovação carismática católica foi criada para atrair evangélicos pentecostais para o seio do catolicismo romano?
Você sabia que na década de 60 o clero católico enviou espiões para cultos evangélicos pentecostais a fim de entenderem suas práticas e assim criar um movimento similar dentro do catolicismo?
A grande investida católica estava sendo a busca pelo ecumenismo, através do qual propunha a quebra das barreiras doutrinárias evangélicas para um diálogo de integração para em seguida lhes colocarem submissas e “amigas”. Até hoje, o catolicismo tem tentado muitas igrejas ao enlace ecumênico. Infelizmente, tem alcançado êxito entre algumas. Num passado recente, ouvi de pastores que beijavam a mão do papa em sinal de submissão. Igrejas históricas como as dos valdenses e dos metodistas na Itália abraçaram a ideia e caíram no leito da prostituta das nações.
Por essas razões, aprecio as intenções e o trabalho do ex-padre Aníbal Pereira dos Reis que bravamente abdicou da batina, convertendo-se ao autêntico cristianismo numa igreja Batista e escreveu contra seus dogmas. Seu trabalho foi de desmascarar as más intenções católicas com seus laços e engodos, de modo que suas obras versaram também sobre o assunto ecumenismo. Segue abaixo parte de um desses para demonstrar a percepção e as informações que tinha o referido autor:

João Paulo II, repito pela milésima vez, é o sumo pontífice que o romanismo atual precisava. Veio na hora exata. Sua exuberante atuação e firmada no programa consciente de capitalizar o máximo em todos os espaços (políticos, sociais, financeiros e religiosos). Usufrutuário de prestígio multissecular do cargo de soberano pontífice da mais rica e poderosa religião do mundo, em benefício dela própria, João Paulo II se empenha ao extremo. Sua próxima viagem à Inglaterra, prevista para Agosto deste ano de 1982, visa a respaldar as últimas decisões dos encontros ecumênicos do clero das duas seitas: a vaticana e a anglicana. Com certeza o seu pontificado se assinalara na história do romanismo pela consumação do regresso dos anglicanos e parte dos luteranos ao seio da “santa madre”. Dado o seu desenvolvimento no meio das massas populares o pentecostalismo chamou a atenção da hierarquia vaticanista. Se a manobra do “dialogo” ecumenistizante vem dando certo com os anglicanos, luteranos e ortodoxos, pelo menos de início era inviável e improdutiva com os pentecostalistas. Distinguem-se estes pelo exercício dos “dons espirituais” ou “carismáticos” incentivados na exaltação das emoções. Destarte a hierarquia resolveu penetrar nas áreas pentecostalistas valendo-se de suas próprias práticas. Práticas estas, outrossim, próprias da atuação do clero romanista no decurso de sua existência.
A perspicácia clerical verificou com acerco ser a nação norte americana o lugar mais conveniente para o início de sua atual investida carismática... Começa por aí: para cada empreendimento específico tem o indivíduo específico preparado. Nesta empresa o indivíduo talhado foi o sacerdote jesuíta Edward O’Connor, da Universidade Católica de Notre Dame. Mentor espiritual de Steve Clark e Ralph Martin Keiter, considerando-os adequados instrumentos na sua investida, resolveu usá-los na explosão carismática vaticana tendente a ecumenistizar os pentecostalistas. Colocou-lhes nas mãos, em princípios de 1966, os dois livros: A CRUZ E O PUNHAL, de David Wilkerson, e ELES FALARAM EM OUTRAS LÍNGUAS, de John Sherril. Lendo-os, segundo as previsões de O’Connor, assimilaram sua orientação e passaram a freqüentar “reuniões de poder” dos pentecostalistas. Clark e Keifer, dois leigos católicos engajados nos Cursilhos de Cristandade, o movimento desencadeado pelo clero após o Concilio Vaticano II com o propósito de dinamizar as práticas religiosas entre os fiéis católicos em função do ecumenismo. Comprovaram ambos a sua acertada escolha pelo jesuíta O’Connor pois sentiam as mesmas experiências pentecostalistas influenciados que eram por aquelas “reuniões de poder”. O seu preparo excedeu as mais otimistas expectativas de seu mentor espiritual. Devidamente preparados, portanto, compareceram Keifere Clark, no Outono de 1966, à Convenção Nacional dos Cursilhos de Cristandade, celebrada em dependências da Universidade Católica Duquesne do Espírito Santo, na cidade de Pittsburg, Pennsylvania. Se os relatórios das atividades ecumenistas revelavam progresso em certos meios protestantes, em geral, também demonstravam o fracasso delas nos círculos pentecostalistas. Steve Clark e Ralph Keifer tiveram então a oportunidade de dar seu testemunho de atuação positiva nesses ambientes até então refratários ao “diálogo” ecumenista. Falaram sobre aqueles dois livros pentecostalistas e espalharam exemplares deles a muitos companheiros cursilhistas. À terminada Convenção dos Cursilhos sucedeu um espontâneo (?) encontro de pessoas despertadas pela palavra de Clark e Keifer e interessadas nas novas experiências. O ambiente daquela colina batida por constante brisa forte do Outono facilitou o cenário do pentecostal “vento impetuoso”. As reuniões, por seu turno, criaram o clima psicológico favorável à ocorrência do chamado batismo no Espírito Santo dos moldes pentecostalistas. Com efeito, as manifestações carismáticas não se fizeram retardar. E no ambiente de extrema excitação nervosa predominaram as línguas “estranhas”. Deu-se o início do novo surto pentecostalista nos horizontes romanistas. (1)

Que Deus nos guarde daquela que desviou o Cristianismo do seu sentido primeiro!

(1)  Reis, Anibal Pereira dos. Católicos carismáticos e pentecostais católicos. São Paulo: Edições Caminho de Damasco, 1992, 2ª. Edição.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Mito ou verdade sobre Sodoma e Gomorra?

Na leitura do relato bíblico sobre as duas cidades, verificamos, principalmente, a quebra de paradigmas morais em ambas, visto que seus habitantes se entregaram às paixões carnais sem qualquer pudor. Por isso, as Escrituras enfatizaram a perversa realidade do lugar: “ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor” (Gênesis 13:13). “Grandes pecadores contra o Senhor” é um título nada louvável, porquanto aludiu sua condição irreverente através de caprichos e de pecados grotescos que “atingiram” diretamente o caráter santo de Deus. E onde entra a cidade de Gomorra? Ambas eram cidades vizinhas, portanto, influenciavam-se mutuamente. Eram cúmplices em atos de guerra, por exemplo, e também em pecados.
Em outro momento, fazendo referências às duas cidades, foi escrito que seus pecados se agravaram ainda mais (Gênesis 18:20), motivando o Senhor a uma ação sem precedentes que culminou com sua dupla destruição com fogo e enxofre (Gênesis 19:24). Quando se pretende negar o fato bíblico, tem-se em mente a necessidade de apagar a condenação pelas práticas pecaminosas, criando uma ilustração do relato, transformando-o em mito. Essa posição também obriga a uma negação da divindade de modo que afasta do homem a possível pretensão de aderir aos preceitos provenientes de Deus. Sem Deus e sem moral o homem poderá se comportar ao seu “bel prazer”, fazendo valer uma das máximas nietzschianas nas quais afirma a morte de Deus e a tendência de o homem ir para além do bem e do mal. Porém, essa conduta trará sérias complicações para o destino humano.
Mas qual a resultante de uma vida imoral e sem Deus a semelhança do que está se propondo agora? Uma transformação na visão social acerca do indivíduo, passando suas ações a violarem completamente os valores absolutos instaurados por Deus, rumando para não serem mais consideradas ações erradas, reinventando, assim, a sociedade que se identificará avessa aos ditames da Bíblia. Isto fará emergir uma fermentação social pelo erro cuja assimilação se dará aos poucos, numa medida que não vai criando grandes obstáculos. O resultado dessas ações culminará num processo de massificação muito bem utilizado pela mídia manipuladora, redesenhando a vida individual e coletiva.

Portanto, a vida imoral do homem é um processo que começou há bastante tempo e vem manifestando um aumento da impiedade assustador, pelo menos para quem tem discernimento para verificar a situação. Durante esse período, encontramos relatos das consequências terríveis que recaíram sobre os pecadores que infringiram e atentaram contra a moral de Deus. Desta maneira, a ousadia de transformar a História em mito converte-se numa negação da ocorrência, dando um aparente alívio para quem despreza os feitos divinos. Entretanto, a objeção é contabilizada para o julgamento final do qual ninguém escapará, de modo que este breve comentário não pretende ser um escrito apologético de uma determinada verdade bíblica, mas um alerta para aqueles que figuram como protagonistas da negação supracitada. Oramos ao Senhor para que reflitam sobre o mal que estão promovendo para si e cuidem de voltar para Cristo enquanto há tempo.

O diaconato na Bíblia

Os primeiros oficiais da Igreja eleitos foram os diáconos. Devida a uma situação de necessidades materiais e assistência dos menos favorecidos, os apóstolos sabiamente separaram junto com a Igreja emergente, em Atos 6, alguns homens valorosos para desempenhar o ofício. Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau foram os sete eleitos pela Igreja nesse momento. Mas, quais eram as qualificações e qual a finalidade específica do cargo?
Existia uma distribuição alimentícia chamada “ministério cotidiano”, criada circunstancialmente para atendimento das necessidades dos discípulos menos favorecidos e daqueles que estavam temporariamente em Jerusalém debaixo do acolhimento da Igreja. Como houve um acréscimo elevado de seguidores, alguns estavam sendo esquecidos, porquanto a prioridade era dada aos autóctones cristãos em detrimento dos que vieram de outras regiões, principalmente as viúvas. Em meio a reclamações dos cristãos gregos aos líderes, houve uma reunião na qual os apóstolos resolveram instituir um grupo de apoio para atendimento das necessidades materiais, enquanto eles dedicariam tempo e oportunidades às questões espirituais. Para tanto, não poderiam eleger quaisquer seguidores, deveriam ser exemplares: boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (nas epístolas paulinas, posteriormente, há acréscimos aos pré-requisitos dos diáconos). Portanto, aqueles homens foram eleitos para servirem às mesas. Era o grupo assistencial da Igreja cujo trabalho deveria ser dedicado ao atendimento dos necessitados, das viúvas, dos órfãos e de quem estivesse em similar situação. Essa é a instrução bíblica da qual deveremos situar nossa observância, porém, atualmente, questiono-me se esse paradigma tem sido observado fielmente nas muitas igrejas evangélicas espalhadas. Por qual razão não está sendo observado? Pelo fato de não verificar esse entendimento nem no seu povo nem na sua liderança.
Constatamos nas igrejas evangélicas de forma geral que a função de diácono é, na realidade, um status hierárquico, uma oportunidade de liderança de congregação, um servidor de distribuição da ceia e um coletor das ofertas e dízimos, ou seja, uma função nada condizente com o instituído no princípio que norteia o ofício.
O status hierárquico é um patamar no trajeto sucessório a fim de se alcançar um dia o mais cobiçado dos ofícios, atualmente, o ministério pastoral, dando a entender que o pastorado não é somente vocacional. Entrar no circuito é uma das possibilidades de encabeçar e chegar ao ápice da liderança evangélica, adquirindo com o tempo a atenção do povo numa função que está sendo mal desempenhada. Quem é um diácono que executa bem sua função será reconhecido e reputado pelos seus serviços sem, entretanto, existir uma obrigatoriedade de um sequenciamento e elevação de categoria. Afinal, o diaconato não é vocacional, não podendo nenhum crente achar que a função é um chamado específico de Deus, antes é de mandato eletivo submisso às decisões da Igreja.
Ao ver diáconos sendo utilizados apenas para servir o pão e o cálice da ceia para uma multidão, indo de banco em banco, e também recolhendo os dízimos e as ofertas em salvas, verificamos como estão sendo subutilizados ou, ainda, não utilizados. Primeiro, a Bíblica nos ensina que somos nós que nos servimos na ceia, pois todos deverão partir o pão (I Coríntios 10:16) e na contribuição, deveremos levar o bem ao gazofilácio; e segundo, a atenção diaconal deveria prestigiar sabiamente as situações de necessidade, pois a falta de exercício da prática empobrece a função. Se por outro lado, devido aos discursos inflamados de prosperidade dos pastores neopentecostais, os necessitados estão sendo “expulsos” e oprimidos de suas igrejas, quão terrível é o contexto que se apresenta para elas.
Portanto, a preocupação diaconal deverá ser a de amparo e ajuda. O autêntico Cristianismo preza pelos outros, segundo as suas necessidades, delegando a esses oficiais um trabalho louvável, de paixão, de envolvimento e de cumprimento do querer divino no que diz respeito ao segundo grande mandamento. Se igrejas estão assumindo outro modelo e não o da Escritura, deverão se preocupar em retornar ao padrão estabelecido pelos santos apóstolos.

Deus é o culpado pela queda do homem?

Há quem diga que no ato da criação o Senhor fez o homem pré-determinado para pecar, obrigando uma interpretação dessa atitude como sendo motivada ou destinada ao “propósito divino” e não sendo independente e voluntária do ser criado. Muito embora alguns versem sobre o assunto com muitas argumentações justificando esse intento do Criador, questionamos se realmente a culpa da queda procede de Deus ou do homem.
Levemos em consideração a condenação, primeiramente. Deus criou alguns (a maioria) do gênero humano para serem lançados no inferno? Segundo o desdobrar da teoria supracitada, poucos foram escolhidos para a salvação eterna, enquanto muitos para a condenação eterna. Isto impõe a máxima na qual Deus faz acepção injustificável de pessoas, pois segundo os teóricos da predestinação sua escolha é aleatória não elegendo qualquer mérito para sua ação, mas apenas uma escolha direcionada ao acaso. Não nos parece sensata essa colocação já que o Senhor da Bíblia diz que: “porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” (Romanos 2:11). Desta forma, acepção de pessoas não está restrita segundo a concepção calvinista na qual afirma esse quesito demonstrando a escolha de Deus de uns poucos dali outros dacolá, mas abrange exatamente o todo e não a parte, ou seja, todos os judeus e todos os gentios, não sendo parte de Judeus nem parte de gentios. Ora, se esses iluminados proclamam esse tipo de ensino ferem um atributo de Deus, a justiça. Obrigatoriamente, chamam o Senhor de mentiroso, visto que afirmam ser Ele um segregador, enquanto o ensino apostólico não corresponde com suas ações. Se assim confirmamos a teoria calvinista, deveremos também concluir que é absurda a atitude de Deus criar o homem para em seguida lançá-lo no inferno. Seria a mesma coisa de construirmos uma casa com todos os aparatos internos e externos, mobiliarmos, passarmos a morar dentro e em seguida soltarmos uma bomba para destruir tudo, inclusive, nós mesmos. Esse lapso passa a ser também uma tremenda contradição, criar para destruir. Por essa razão perguntamos: como alguém de bom senso cria para se opor em seguida àquilo que criou? Grande incoerência seria a resposta mais acertada. Afinal, para quem acha que o Senhor se surpreendeu com a desobediência humana fique ciente que desde sempre Deus sabia, pelo seu atributo de Omniscientia, que o homem pecaria não sendo para Ele algo inesperada. Ao invés de destruir tudo proporcionou um escape para sua situação decaída já que o ser divino é amor por todo o gênero humano.
Outros textos bíblicos ecoantes são João 3:16 e I Timóteo 2:4. No primeiro, há uma demonstração expansiva da obra salvadora, asseverando seu poder e sua amplitude. No outro verso, a intenção e a expressão de sua vontade na qual pretende dizer exatamente o que está escrito e não outra coisa. Enfim, devemos considerar o texto bíblico como foi posto ou será que se exige um esforço sobrenatural para dizermos o que não diz? É verdade, não afirmar e não concluir aquilo que diz exatamente o texto, como os acima mencionados, exige um “discernimento” para além do sobrenatural, incorrendo em distorções e equívocos sérios para quem elege o nome de cristão. Claro que devemos nos sujeitar ao texto como foi posto e não sujeitá-lo ao nosso ego interpretativo.
Ora, se o Senhor não faz acepção de pessoas, sacrificou seu próprio Filho para redimir todos os homens e é sua intenção restaurá-los para uma nova vida em Cristo, como pensar que Deus é o causador da desgraça que assola a Humanidade? Só quem não quer assumir a própria culpa pelo pecado e a voluntariedade para pecar, antes pretende eximir-se dela com uma atitude mesquinha, tem essa doidice (substituindo o termo “loucura” pelo bom cearenses) cravada no seu mau coração. Reforço pela verdade que lemos nas Escrituras, como estão postas, que o homem e somente ele causou o dano do pecado devido à liberdade mal utilizada. Ele assumiu a culpa quando livremente provou do proibido, desprezando o conselho anterior de Deus o qual o ensinava um comportamento de retidão espiritual.
Por essas poucas e simples razões podemos concluir que aprouve a Deus resgatar o homem de uma situação deplorável, apesar de ele ter tomado uma atitude egoísta, particular e individual, sem a interferência divina, portanto não atribuindo a Deus a culpa pela queda e decadência do gênero humano. O Senhor se apresentou para resgatá-lo de todo o mar de pecados que o embaraçou, inclusive da invenção da predestinação, dogma que libera o seguidor para não se preocupar com uma vida devotada a Deus. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Poema anabatista

A palavra se espalha em fazendas,
em tabernas e celeiros, nos círculos de costura,
a dobra cresce, costurando pelo ponto.
Atrás dos teares, sussurramos
boas notícias e agora duzentos vêm se sentar
em tocos e pedras, nossos bancos florestais.
Não nos atrevemos a aprender os nomes dos nossos líderes,
por medo de que as línguas torturadas possam falar;
nós conhecemos os irmãos quando dizem:
“A paz do Senhor permanece com você”.
Até ele retornar para vencer nossos inimigos,
muitos se juntam à agonia de Cristo.

A.D.

E o sábado?

Uma das primeiras prescrições bíblicas sobre o sábado aparece em Êxodo 31. No texto, Moisés recebe orientação de Deus sobre a guarda do sábado, enfatizando praticamente os objetivos do mandamento. Portanto, não somente há a explicitação do mandamento dado em Êxodo 20, mas também certa norma para se conceder a prática do sábado em conformidade com os interesses divinos.
O termo “sinal”, mencionado no texto, expressa o compromisso da prática devotada, ou seja, a separação daquele dia para dedicação exclusiva ao Senhor. A mente do devotado deveria se concentrar naquilo que representava o Senhor para seu povo, aprimorando uma conduta espiritual a fim de se extrair ao máximo os propósitos para aquela santificação, pois sábado era santificação. A prédica divina era tão incisiva no que tange à espiritualidade e à devoção que caso houvesse descumprimento dos agentes responsáveis pela prática, obrigatoriamente a condenação seria a morte: “...porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (v.14); no verso seguinte está expresso mais claramente a nefasta condenação: “...certamente morrerá”. Portanto, o sábado veio a ser um marco para a consagração.
         Mas qual sua abrangência? A quem está realmente direcionado? O mandamento extrapola os limites veterotestamentária ou se restringe ao seu contexto? A Igreja de Cristo deverá exercer a mesma conduta?
Encontramos essas respostas retornando ao texto de Êxodo 31. Vamos procurar ser bem fiéis ao que o texto diz, sem incrementar qualquer reflexão neste momento. No escrito do profeta foi relatado que o sábado representa “um sinal entre mim e vós nas vossas gerações” (v.13), e acrescenta: “Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre” (v.17), portanto “celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua” (v.16).
Afinal, quem são os personagens desse diálogo? Na verdade, não é nem um diálogo, é mais uma expressão mandamental que não foi permitido ao homem se manifestar dada sua ineficiência em conseguir propor algo tão elevado quanto os intentos divinos. Mas, o Senhor ordena a Moisés sua vontade para que ao descer do Monte Sinai transmitisse ao seu povo, o Israel que foi tirado do Egito. Em cena, o Senhor, o seu profeta e o seu povo. Lembrando que o profeta estava também sujeito aos mandamentos temos, então, Deus e o seu povo Israel. É muito difícil entender que há um pacto exclusivo entre Jeová e Israel? O texto expresso está obscuro impedindo esta conclusão? Não, não podemos afirmar outra coisa senão que este pacto foi proposto apenas para Deus e o seu povo do Antigo Testamento. É isso que o texto confirma e todos os outros utilizados ao longo dos livros.
Quando o adventismo vem propor o mandamento para o Novo Testamento, equivoca-se incorrendo em profunda má interpretação. Aliás, não foi nem só uma interpretação errada, mas também um crédito indevido às pretensas revelações de Ellen White: “Foi-me mostrada então uma multidão que ululava em agonia. Em suas vestes estava escrito em grandes letras: Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Perguntei (ao anjo) quem era aquela multidão. O Anjo disse: Estes são os que já guardaram o sábado e o abandonaram” (EG White, Primeiros Escritos, Editora Casa Publicadora, Tatuí – SP; 1995, pág.37). Os defensores da Sra. White preferiram antes acreditar numa revelação em detrimento ao texto sagrado, dedicando à revelação maior valor, mesmo quando o ensino apostólico censura a utilização da Lei, entendendo que seu lugar é no antigo pacto.

Concluindo, o sábado como os demais mandamentos fizeram parte do Decálogo com uma finalidade específica, serem instrumentos necessários para conduzir o homem a Deus: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados” (Gl 3:24). Com Cristo, o cenário muda, pois o que nos é exigido hoje é unicamente a fé, por isso, “...é evidente que pelo lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3:11).

domingo, 3 de setembro de 2017

A Reforma Protestante e o imaginário de sua época

Pastor Glauco Barreira Magalhães Filho lança mais um livro pela Editora Reflexão com o título “A Reforma Protestante e o imaginário de sua época”. A convite da Editora, o pastor e escritor Glauco Barreira traz mais uma vez um trabalho rico em informações e em reflexões amparados nos seus profundos conhecimentos sobre a Reforma. Não é um livro exclusivo para Luteranos, mas para todos os evangélicos, muito embora alguns não sejam oriundos do Protestantismo clássico. Desvendar a mentalidade que motivou a Reforma foi o objetivo da presente obra, de modo que o leitor terá subsídios para entender melhor as nuanças do movimento para além do que já foi publicado.




EM BREVE, DISPONÍVEL NAS LIVRARIAS EVANGÉLICAS DE FORTALEZA E COM O AUTOR.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Ágape

Nobre sentimento jamais ocultado
Entre os laços de quem se une a ti.
Reside no coração redimido,
Expondo-se sob beleza excelsa inigualável,
Exalando seu real perfume do Criador
Cuja essência não cessa,
Nem para de se fomentar em prol de seus deleitantes.
Envolvidos pela primorosa manifestação de querer bem, indo mais além,
Deseja-se o bem comum,
Muito embora a objeção tente contrariar seus ricos e excelsos efeitos.
Inabalável tu és Amor Supremo,
Pois nos cobre com o manto sagrado da renúncia de nós mesmos,
Tornando-nos abnegados servos teus
Em contritos corações.
Quem poderá ostentar algo que não proceda de ti,
Que não sirva aos teus propósitos, nos quais,
Por serem tão elevados e muitas vezes incompreensíveis,
Asseveram a mais simples das razões?
Ao ser provado,
Não há quem não queira desfrutar de tão doce mel constantemente.
Uma vida intocada,
Não anelante da essência da vida,
Não seria digna de provar tão excelente sabor,
Mas como tu és o Perfeito,
Até quem não te quer,
Julgas bem para bem poder te sentir.
Não vacilas diante das circunstâncias,
Abraça-nos e faz-nos sentir quem és
Deslumbrante Ágape de senso infinito.