O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A essência do anabatismo

O Anabatismo emerge dentro do contexto da Reforma. Porém, existem algumas dúvidas para afirmar categoricamente que eles surgiram neste momento histórico (para a maioria dos estudiosos, essa é a suposição mais defendida) ou se são anteriores às Reformas ocorridas na Europa (como sinalizou H.H. Muirhead). O apego incondicional ao texto bíblico fez surgir o termo “Radical”, daí seu movimento ser chamado de Reforma Radical. Essa atitude de apropriação exclusiva dos textos sagradas geraram uma rejeição às autoridades religiosas consolidadas e àquelas que estavam surgindo sem o amparo dos preceitos apostólicos porque se opunham à vontade divina. Para eles (os anabatistas), importava seguir os preceitos cristãos a todo custo, independentemente da vontade das autoridades, de modo que esse sentimento definiu o caráter e a personalidade que tomou forma, trazendo ao movimento o nobre status de fiel seguidor do Cristo.
Dois quesitos fundamentais da fé anabatista foram a não resistência e a liberdade. Eles acreditavam que Jesus era a figura central de suas vidas, porquanto a Bíblia atestava para esse fim, sendo também contrária da tradição do clero católico, do estado católico ou protestante, das hierarquias e dos rituais cujo objetivo tentava apaziguar os anseios do povo alienado. Opunham-se ao sistema hegemônico e religioso que operava no sentido de controle; entretanto a oposição anabatista verificava-se no campo da argumentação, nunca sendo seu teor a agressividade da luta armada ou das guerras. Suas premissas eram convencer a sociedade e as autoridades religiosas através da persuasão proveniente da livre interpretação das Escrituras de que esses entes religiosos estavam equivocados. Essa liberdade de interpretar os institutos bíblicos era vista como uma prerrogativa do cristão cuja vocação não poderia ser renunciada nem entregue a um clero envolvido com negócios desta vida (política, corrupção moral, autoritarismo etc). Essa liberdade saltava dos textos bíblicos para se incorporar na vida cotidiana de cada um, pois acima de qualquer outra orientação, a orientação precisa era originada nas Escrituras no qual se encontrava clareza e objetividade.
Ao proporem esse tipo de conduta, obrigatoriamente, acarretaram sobre si duras reações e perseguições. Para o clero corrupto, ninguém poderia assumir uma posição livre diante do contexto dominado pela religião majoritária, visto que se constituía um ultraje para as pretensões políticas, religiosas e espúrias do clero. Entretanto, em meio às perseguições, os anabatistas sempre asseveravam a fé autêntica, nunca reagindo contra seus agressores e demonstrando firmeza em suas convicções.
Não podemos dizer que as ações anabatistas eram erradas, já que estavam pautadas nas Escrituras. Podemos dizer que se constituíram contrárias aos ditames clericais e estatais porque na visão radical representavam a submissão de Deus aos homens. A crítica ao batismo infantil, citando caso análogo, extrapolava as fronteiras religiosas e alcançava os ares da condução estatal, visto que o infante era reivindicado pelo Estado para lhe ser um cidadão obediente, ou seja, ir para guerras, pagar tributos religiosos equivocados, fazer juramentos e reverenciar o suserano como Senhor de sua vida. O batismo anabatista significava uma vinculação com o Cristo que é o Senhor e uma rejeição aos césares terrenos cujos intentos propunham uma sujeição às suas autoridades imorais, opondo-se aos elementos constituintes da fé cristã. Portanto, ao associar pacifismo e liberdade encontramos agrupamentos de cristãos que reivindicam a chancela apostólica, não por ideologia, mas por uma mentalidade pura e fundamentada nas verdades absolutas do texto sagrado para resgatar os princípios da Igreja Primitiva.

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