O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Música gospel americana

A voz forte é inconfundível. A melodia, muitas vezes alegre, identifica suas raízes. A expressão musical contagia e eleva o público com o prazer de ouvir canções que aludem a uma realidade específica, mas que rompe com os limites estabelecidos pelo racismo americano. Os referidos elementos fizeram com que a popularidade, a influência e o apreço pela música evangélica negra se tornassem um fenômeno social. Sua inovação, na verdade, produziu uma renovação porque soube se utilizar dos meios espirituais para se consolidar. Mas, de onde vem e como se originou a gospel black music (música negra evangélica)?
Thomas A. Dorsey
Para alguns, esse estilo musical tem sua gênese como os demais, em vistas de não se preocuparem com uma análise melhor definida. Porém, a nação americana viu um dos maiores despertamentos espirituais da História da Igreja Cristã (Azuza Street) ocorrida em grande escala em zonas marginalizadas e periféricas de sua sociedade de oportunidades. Essa oportunidade, entretanto, não veio através de políticas públicas, mas por intermédio de um “vento impetuoso” que encheu muitos homens e mulheres sedentos do fervor divino. O misto de avivamento, ânsia de liberdade para integração social, talento e profissionalização fez surgir e evoluir esse estilo. Thomas A. Dorsey e o reverendo Herbert W. Brewster foram um dos pioneiros e expoentes do início do movimento musical avivalista, nos anos 20 e 30. A música e a linguagem serviram para promover o estilo em vistas das composições ganharem nova formatação (uma forma de inspiração e de exercício da criatividade espiritual) à medida que eram cantadas. Os incrementos para participação do povo e a improvisação, utilizando-se de acordes básicos, progressão de acordes padronizados, linguagens metafóricas e alusões constantes da Bíblia, ajudaram a estabelecer o vínculo para que todos estivessem integrados no louvor a Deus e no encorajamento individual para se vencer a mesmice.  
De contrapartida, o inimigo, sorrateiramente, vem contaminar esse despertar de avivamento musical; afinal, conhece muito de musicalidade e de seu encantamento. Logo que se verificou a grande aceitação do público, as empresas comerciais e gravadoras ingressaram no negócio procurando extrair o máximo possível, visando expandir o mercado da música gospel para sua maior lucratividade. A questão é que se percebe uma redução da espiritualidade, uma acomodação quanto aos valores divinos, um descomprometimento e um afastamento definitivo do padrão espiritual. Acredito que da década de 50, após o auge do movimento, começamos a ver uma declinação da espiritualidade e uma das razões mais explícitas quanto ao problema é o anseio de querer fazer sucesso a todo custo, saindo, inclusive, do aprisco do Mestre.
Elvis Presley com sua namorada Magdalene
Exemplos que podemos destacar foram os de Elvis Presley e Whitney Houston. Elvis Presley, desde sua infância, era assíduo membro da Igreja Assembleia de Deus. Na sua adolescência ouviu muitos hinos e aprendeu muito das Escrituras, entretanto, através de uma mudança inesperada passou a ser o transgressor, o rebelde, o profano e o ídolo que o mundo aclamou como rei do rock. Seu drama maior foi morrer devido ao excessivo uso de drogas e medicamentos. Seguindo a mesma linha, Whitney Houston cantava no coral da Igreja Batista onde se congregava e também participou do movimento pentecostal.
Tinha parentes que eram cantoras do mundo gospel, porém preferiu outro caminho, visando ampliar seu leque de fãs, atingindo muitos corações com sua voz talentosa e romântica. O fim de sua carreira, marcado também pelo uso de drogas, faz-nos vislumbrar o quão frágil é o homem/mulher que se aventura por um caminho nada espiritual. Whitney morreu ao chegar ao fundo do poço. Ambos cantores têm em suas composições uma influência enorme da música negra gospel, não foi à toa que fizeram tanto sucesso.

pastor Jimmy Sweggart
Atualmente, quem representa, com muito talento e refinado estilo o movimento ora exaltado, é Jimmy Sweggart. Esquecido no Brasil devido seu lapso ocasional continua agradando seus ouvintes com esse estilo tão puro e vibrante do gospel negro americano. Quem diria, um pastor autenticamente americano ser fortemente influenciado pela música afro-americana gospel? Creio que a ocorrência ainda é resultado do que a música negra gospel representou em Azuza Street, além de também demonstrar uma pessoa que tem uma interação genuína com pessoas negras em sua Igreja. O pastor Jimmy Sweggart é uma excelente recomendação para quem quer começar a ouvir o tipo musical do qual nos dispomos no momento.
Que Deus possa continuar a despertar homens e mulheres sérios para serem testemunhas de sua glória como o foram aqueles primeiros adoradores do avivamento americano. Hoje, muito se fala em talentos, mas sem espiritualidade, devido aos seus fins capitalistas e comerciais; mercenários e contradizentes das Escrituras. Há tantos artistas que fogem a uma caracterização do ser um autêntico servo de Deus que só podemos constatar mais uma artimanha do inimigo. E o pior? Se um deles ler isso, achará que é uma opinião desmedida. Contudo, sobre ele triunfará a falácia do opressor cujo pensamento é exatamente nesse sentido: quer que o artista pense exatamente isso de quem os critica.
Que Deus nos faça adoradores segundo o seu querer e não segundo o nosso!

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