O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Memórias de Moriá - Moriá, um sinal de luz

Existiam muitas virtudes coletivas entre nós: unidade, fraternidade, cuidado... Mas um dos que se sobressaía era, sem dúvida, o zelo. Aprendemos a ser zelosos com todas as realidades cristãs e comprometidos com a pregação pura da Palavra seguíamos nossa carreira. Um fato muito interessante neste momento era que os pastores de outras igreja da “velha guarda” gostavam muito de nós. E nós gostávamos muito da companhia deles. Estreitamos laços com esses homens de fé conservadora que não queriam ver o mundanismo nas suas Igrejas. Um conjunto de jovens como nós, encabeçados pelo jovem e talentoso pregador Glauco, era como bálsamo para eles diante da iminente decadência espiritual que assolava as igrejas evangélicas no final da década de 80 e começo da de 90, fato consumado logo em seguida.
Éramos conhecidos pelas pregações, principalmente do pastor Glauco. Alguns de nós tinham maior versatilidade na exposição das verdades doutrinárias do que outros. Todas as vezes que realizávamos os cultos de mocidade, havia sempre alguém que proferia uma breve mensagem acerca do tema conservador. Gostava muito da palavra do Flávio que tinha uma mensagem séria, firme e resoluta. Um jovem homem espiritual de oração cujo compromisso apresentava-se tão exemplar que não poderíamos nutrir outro sentimento se não o de admiração e simpatia (lamento muito a privação de sua presença em nosso meio hoje, porquanto aprendi com ele muito e o considerava/considero um irmão mais velho). O outro irmão com boa pregação e exposição fácil era o Henrique. Dizíamos que ele era a cópia do pastor Glauco pregando (hoje diríamos que era o “clone”). Reproduzia em sua pregação o estilo glauquiano do púlpito: os trejeitos, a forma de falar e modo de se vestir. Dedicávamos um olhar afável a sua conduta, pois sua mensagem era muito bem articulada e pensada; era um mestre entre nós através do qual gostávamos muito de buscarmos respostas às nossas dúvidas. Respeitávamos a admiração que ele tinha pelo jovem Glauco e a entendíamos aquele sentimento. Lamento também sua ausência, apesar de alguns contratempos ao longo de sua jornada.
Essas histórias representam a história de Moriá. Fomos educados a amar as Escrituras como o jovem Glauco nos ensinou. Víamos tanta devoção em suas palavras e atitudes que erámos constrangidos a querer o mesmo. O constrangimento não era vergonhoso, mas estimulador para alcançarmos o patamar de espiritualidade por ele alcançada. Com esses sentimentos, levantamos o estandarte do Evangelho para pelejarmos numa luta apologética. Percebemos a grande responsabilidade com qual Deus estava disposto a trabalhar através daquele pequeno grupo de jovens sedentos por mais de Deus. Moriá se tornou um feixe de luz em meio à mudança de conduta doutrinária de muitas igrejas das quais erámos muito assíduos. Passou a ser um sinal de luz, um alerta de retorno aos princípios que norteiam a fé, um clamor para o compromisso e a seriedade cristãos.
Hoje, com mais vigor, temos continuado a dizer e falar a sã doutrina. É fato constatado que Moriá ao longo dos anos não sofreu alteração doutrinária nem comportamental. Muitos opositores tentaram com difamações dizer o contrário, mas quem foi e é de Moriá sabe o que estou dizendo. Por exemplo, no retorno do irmão Leylene (perdoe-me o irmão se escrevi seu nome errado) ao seio da Igreja, mencionou com alegria, após ter passado anos distante de Fortaleza em razão de trabalhar e residir no interior do Piauí, em conversa particular com o pastor Glauco, o fato de Moriá continuar sendo a mesma. Ele disse: “Pastor, os anos passam e a Moriá continua sendo aquela que conheci há muitos anos. NÃO MUDA!”. Isso demonstra que o sinal de luz continua em evidência.

Infelizmente, ao longo do caminho, muitos que ergueram a mesma voz desistiram da peleja em Moriá. Sinto uma profunda compaixão por eles. Reconheço que não é fácil lutar para a conservação da doutrina, mas não posso esquecer-me de quem a ordenou. Essa ordenação não foi exclusiva para Moriá. Foi alardeada para todos os que levam o nome de cristão, portanto sejamos fiéis como fomos no passado para que sejamos ainda no futuro.  

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