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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A confusão adventista sobre a Trindade e sobre os Valdenses


Segundo dados históricos, os pioneiros adventistas não acreditavam na doutrina da Trindade. Ellen Gold White exercia forte influência sobre sua comunidade para invalidar essa doutrina bíblica de tal modo que seus opositores doutrinários de sua igreja tinham que ficar no anonimato, temendo alguma represália disciplinar. Foi necessário que os pioneiros morressem para que se colocasse em pauta a questão da Trindade. Para vermos algumas curiosidades sobre o assunto, vejamos os pareceres de pioneiros:
James White, marido da sra. White, presidente da Conferência Geral, órgão máximo na IASD, expressou seu entendimento sobre a doutrina da Trindade: “Eles tornarão seus ouvidos para longe da verdade e se voltarão para fábulas… aqui temos que mencionar a trindade, que contraria a personalidade de Deus e seu filho Jesus Cristo” (artigo publicado em 1855 na Review and Herald, sob título “Preach the Word”). Pelo texto é possível entender a preocupação do líder adventista com o futuro da instituição. Explicitamente, atesta a incompatibilidade do termo Trindade com a Divindade, atribuindo uma certa contrariedade à grandeza divina.
J. N. Loughborough, evangelista e administrador pioneiro, confirmou a perspectiva doutrinária sobre o assunto ao objetá-la de forma clara e objetiva. Ele disse: “Existem muitas objeções que devemos enfatizar, mas devido ao nosso pequeno espaço devemos reduzir às 3 seguintes: 1. É contrária ao senso comum. (a trindade); 2. É contrária às Escrituras; e, 3. A sua origem é pagã e fantástica”. Portanto, muitas seriam as objeções, mas Loughborough apresenta somente três para sintetizar seu entendimento.
R. F. Cottrell, pregador, conselheiro, escritor, compositor e poeta, escreveu: “Para acreditar na doutrina da trindade não é mais que uma evidência do mal como a intoxicação do vinho com que as nações se embebedaram. O fato é que essa foi uma das principais doutrinas, senão a mais importante com que o bispo de Roma foi exaltado ao papado, o que não diz muito a seu favor”. É fato que Cottrell apresentou Roma como a instituição responsável pela criação da doutrina da Trindade.  
Mas, houve uma mudança radical nesse entendimento após anos da morte da sra. White. Sobre a forma como foi alterada a perspectiva doutrinária de hoje, apresentamos abaixo seu registro:

A essa altura o leitor pode estar se perguntando como aconteceu mudança tão radical. Vamos a George R. Night, Professor de História da Igreja Adventista na Andrews University. Ele é autor do livro “Search for Identity”. Vejamos o que ele revela.
Esta década(n.a.:1940) por exemplo, testemunhamos o esforço por parte de alguns em “limpar” e concertar a literatura e as publicações Adventistas. Três áreas ilustram essa tendência. A primeira preocupação era a Trindade. Como mostramos nos prévios capítulos, os Pioneiros Adventistas eram em grande parte anti-Trinitarianos e semi-arianos.” (pág. 152) (CACP – Ministério Apologético disponível em http://www.cacp.org.br/os-adventistas-do-setimo-dia-e-a-doutrina-da-trindade/).

Ora, se os pioneiros adventistas não criam na Trindade como, então, entender o porquê de se associarem aos valdenses? Há, você não entendeu a pergunta? Eu explico de forma bem simples: para os pioneiros adventistas, os valdenses guardavam o sábado e isto virou motivo para equipararem-se ao nobre movimento para justificarem um trajeto histórico, mas há um problema: os valdenses criam na Trindade, convicção não partilhada nos primórdios adventistas. A prova concreta da visão valdenses está no Nobla Leycon, conforme atesta o trecho abaixo (tradução nossa):

Portanto, todo aquele que fizer boas obras,
A honra de Deus, o Pai, deve ser seu primeiro princípio em movimento.
Ele deve igualmente implorar a ajuda de Seu Filho glorioso,
o querido Filho da Virgem Maria,
e o Espírito Santo que nos ilumina no verdadeiro caminho.
Estes três (a Santíssima Trindade) como sendo um só Deus, devem ser chamados,
cheios de poder, sabedoria e bondade.
Isso nós devemos frequentemente implorar e orar, para
que Ele nos capacite a encontrar nossos inimigos,
e superá-los antes do nosso fim,
que são o mundo, o diabo e a carne:
E que Ele nos daria sabedoria acompanhada de bondade,
Para que possamos conhecer o caminho da vida,
E manter a alma e o corpo puros no caminho da caridade,
assim como amamos a santa Trindade
e o nosso próximo, porque Deus o ordenou.
Não apenas aqueles que nos fazem bem, mas também aqueles que nos prejudicam.
Tendo esperança no Rei do Céu, para
que no final Ele nos receba em Sua morada gloriosa.

Mais uma vez está explícito o equívoco sabatista. Primeiro, seus pioneiros repudiaram uma doutrina tão sublime das Escrituras, preferindo vinculá-la ao paganismo. Ousaram negar esse conceito porque, afinal, eram “muito espirituais” com suas profecias e entendimentos. Segundo, por que eles não chamaram os valdenses de hereges já que eles guardavam a doutrina da Trindade a semelhança do catolicismo romano posto como aquele que originou o suposto dogma? É um problema que só eles podem responder, mas concluímos dizendo que movimentos não alinhados com as Escrituras deixam brechas capazes de vermos seus erros e equívocos.  


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